Auto da Compadecida -Ariano Suassuna


O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
O Desafio 12 Meses Literário de setembro pedia a leitura de um livro com menos de 200 páginas e como recentemente eu comprei uma edição econômica do "Auto da Compadecida em um mercado de pulgas, por um real, foi a oportunidade perfeita de conferir se o filme "O Auto da Compadecida" é fiel a peça teatral escrita pelo grande, Ariano Suassuna em 1955.
"Não sei, só sei que foi assim."
Segundo a Wikipédia, "Auto da Compadecida" trata-se de um drama ambientado na região Nordeste do Brasil, com elementos da tradição da literatura de cordel, do gênero comédia e traços do barroco católico brasileiro. A obra mistura cultura popular e tradição religiosa.
Se você nunca viu o filme, sucesso de 1999, e não sabe do que estou falando eu te convido a conferir essa resenha e se entregar as trapalhadas de dois personagens ícones da literatura brasileira.
PALHAÇO: Auto da Compadecia! Umas história altamente moral e um apelo à misericórdia.
JOÃO GRILO: Ele diz "à misericórdia", porque sabe que, se fôssemos julgados pela justiça, toda a nação seria condenada.
Chicó é o braço direito do João, um contador de história de mão cheia e que apesar de medroso sempre embarca nas aventuras do amigo.
Com uma narrativa ágil, a trama é apresentada pelo Palhaço, personagem que dita as cenas e dá a deixa da interação entre os personagens. O núcleo de personagens é pequeno, mas extremamente ricos em carateristas alegoricas, que vão sendo apresentadas ao leitor/expectador conforme os diálogos vão esquentando, exemplo disso é a avarenta mulher do padeiro que não consegue ser fiel ao marido, que por sua vez se mostra incondicionalmente obediente a ela.
O início da história se dá com João Grilo tentando convencer o Padre João a benzer o cachorro doente da patroa, Dorinha, a mulher do padeiro. Em meio ao benzo e não benzo o cão morre e o padre é "convencido" a fazer o enterro em latim do bichinho, mas o Bispo aparece na paroquia e a confusão está armada.
JOÃO GRILO: "Esse era um cachorro inteligente. Antes de morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia. Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza. Até que meu patrão entendeu, coma a minha patroa, é claro, que ele queria ser abençoada e morrer como cristão. Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse que vinha encomendar a benção e que, no caso de ele morrer, teria um enterro em latim. Que em troca do enterro acrescentaria no testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o sacristão.
O segundo ato dessa peça é os nossos protagonistas se beneficiando da avareza dos donos da padaria e vendendo um gato que descome dinheiro, assim como eles mantém engatilhado um plano B, para se vingar de Dorinha, plano esse que nunca entrou em execução e não foi porque o do gato deu certo, mas sim porque o terceiro ato entrou em cena.
Severino, um cangaceiro perigoso invadiu a pequena cidade e encontra na igreja a corja pecadora reunida, é o fim para todos. Até João Grilo ter a brilhante ideia de vender a sua gaita mágica, que ressuscita o morto quando tocada. O que era para ser usado como plano B contra os patrões é usado contra o cangaceiro, que após conferir a veracidade do instrumento decide ter um breve encontro com seu Padim Ciço e essa história termina com todos mortos indo para um julgamento, onde o Encourado (diabo) está pronto para leva-los ao inferno, em especial João Grilo.
JOÃO GRILO: "Seu cabra lhe dá um tiro de rifle, você vai visitá-lo. Então eu toco na gaita e você volta."
Esse terceiro ato destaca a fé do povo sertanejo, assim como faz uma breve critica ao preconceito racial, uma vez que Manuel, o Cristo, é negro. O julgamento é mais uma alusão a infinita disputa entre o bem e o mal e a exaltação dos humilhados e tudo isso é feito de maneira bem humorada, dando uma incrível leveza ao que seria uma dramalhão se levado em conta a situação de vida e morte dos personagens. Quem faz a vez de mediadora claro que é a Compadecida, com coração cheio de amor e bondade ela entra na defesa de cada um deles.
Encourado: "Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete.
Auto da Compadecida é uma leitura rápida, prazerosa e um tanto quanto reflexiva, onde, de maneira cômica e inteligente o autor reúne três contos da literatura de cordel, recentemente reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro, onde cachorro é enterrado em latim, a seca da Paraíba é o cenário e contrariando a muitos retratos, o Cristo é negro.

Ahhh como eu amo essa edição da história.
ResponderExcluirEu tenho uma na estante que está tão velhinha, que preciso trocar. Foi um dos primeiros nacionais que li, acredita? Me diverti e me emocionei demais com essa história <3
Sai da Minha Lente
É uma história realmente muito boa, mas eu já assisti tanto o filme que sinceramente enjoei, não me vejo lendo o livro, a primeira vez que vi o filme era criança não sabia da existência do livro, e depois que soube para mim já não tinha mais graça. mas mesmo assim, obrigada, e eu adorei sua resenha.
ResponderExcluirBeijos
Olá, tudo bem? Não assisti o filme nem li o livro ainda, mas parece ser mesmo uma história incrível e bem reflexiva - coisa que eu gosto muito -, pelo o que tu disse. Adorei a resenha!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oi, Camila!
ResponderExcluirNossa, parece mesmo ser uma leitura prazerosa. Eu assisti ao filme tantas vezes que nem sei mais quantas foras hahaha o livro eu ainda não li e gostei bastante de ver a sua opinião sobre ele, eu acho que gostaria da leitura também, com certeza daria altas risadas.
oiii Camila
ResponderExcluirEu sou apaixonada pelo filme, em cinema nacional segue firme e forte como meu favorito, o elenco era perfeito e achei que a história ficou maravilhosa adaptada, o livro ainda não li, mas sabendo que é uma leitura tão prazeirosa e rápida, quem sabe eu coloque na meta ainda esse ano se der. Obrigada pela dica.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Oiii, meu docinho, tudo bem?
ResponderExcluirQue livro maravilhoso, realmente eu ainda não o li e fiquei bem interessada na edição, gostei do assunto e fico feliz principalmente pelo projeto que estás participando, ótima resenha!
Beijinhos
Olá!
ResponderExcluirNossa deve ser uma obra indispensável! Fiquei curiosa para ler e conhecer mais os contos também. Já esperava que trouxesse este lado cômico e reflexivo também, por isso fico mais animada ainda pra conferir. ótima resenha!
Beijos!!!
Eu já vi o filme algumas vezes e gostei muito, amei poder saber um pouquinho sobre a obra escrita, todos os atos são muito interessantes pela sua resenha, uma história realmente divertida e reflexiva.
ResponderExcluirOi, Camila! Tudo bem?
ResponderExcluirEsse é um dos poucos casos em que, apesar de gostar do filme, não sinto vontade de ler o livro. Talvez futuramente eu mude de ideia, mas por enquanto é uma leitura que não me atrai.
Mas fico feliz que você tenha gostado e que seja uma leitura fluida, mas com reflexões importantes.
Adorei a resenha!
Beijos!
Olá, Camila.
ResponderExcluirAdorei saber sua opinião sobre este livro. Apesar de ser um clássico, confesso que é uma leitura que não me chama atenção, porém adorei saber o seu sentimento durante a leitura, principalmente por ser fácil, prazeroso e reflexivo. Isso, sim, me despertou interesse! Se um dia eu der uma chance, com certeza vai ser por conta da sua resenha.
Beijos,
Blog PS Amo Leitura
Eu adoro o filme, demais! E ainda quero fazer essa leitura, que deve ser ainda mais incrível. Que bom ler sua resenha, que bom saber que é uma leitura rápida.
ResponderExcluirbeijos
Ola Camila, tudo bem?
ResponderExcluirNossa, eu tive a oportunidade de ler esse livro na época que ainda estava no colégio, fizemos uma peça de teatro e amei hahaha
Realmente é um livro divertido e muito rapido de ser lido.
Amei ter encontrado sua resenha sobre esse livro.
beijos
Oi Camila, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirEu já vi esse filme mais de uma vez. Sempre que tenho a oportunidade eu revejo. É simplesmente fantástico, não só o texto incrível como as atuações dos atores escolhidos que foram perfeitas. Nunca li o livro, mas considero um clássico, uma leitura imperdível. Vou procurar por ele. Sua resenha ficou ótima.
beijinhos.
cila.
Olá, tudo bem? Fã de carteirinha do filme, não sei porque ainda não tive coragem de ler o livro. Acho que por ser uma peça, isso me deixe com pé atrás, porém após sua resenha fiquei mais animada. Espero encontrar todo a carga que encontrei nas telinhas. Adorei!
ResponderExcluirBeijos,
https://diariasleituras.blogspot.com