CADETE DE AÇO - Evellyn Miller


Ela é militar. É atiradora de elite. É triatleta. É lutadora de MMA. O que poucos sabem, é que a “Cadete de Aço” já foi simplesmente a Nina. Uma frágil e meiga garota do interior, cujo sonho de infância de ser aeromoça, foi destruído aos 17 anos, em um evento traumático, que a fez mergulhar na depressão. O curso de oficiais em uma instituição militar foi sua tábua de salvação. Ela só não imaginava que além de lutar contra os próprios medos diariamente, também teria que enfrentar uma batalha para conquistar seu espaço dentro de uma corporação arraigada pela cultura machista. Seu relacionamento com o sexo oposto é conflituoso. Ela sente desprezo pela maioria dos homens com os quais convive, em especial, pelo Tenente Huisman, um oficial do BOPE esnobe e austero com quem ela trava um conflito pessoal que vai terminar no tatame, quando ele se torna o seu treinador de luta. O contato corporal com aquele lindo homem vai despertar em seu corpo e em sua alma, sensações nunca antes experimentadas. A linha que divide o amor e o ódio é muito tênue. E apesar de acreditar que está longe do padrão de mulher que precisa ser salva por um príncipe encantado, o destino está prestes a mostrar para a Cadete de Aço, que ela pode estar enganada. E que de alguma forma, a vida dela está entrelaçada a daquele homem, para que ambos cumpram um propósito maior.

Acho incrível como temos alguns conceitos estabelecidos e nem ao menos nos damos conta disso e eu pude comprovar isso com esse livro. Não tenho o habito de ler sinopse, então quando me deparei com o título "Cadete de Aço" o minimo que pensei é que me depararia com um protagonista forte e destemido e qual foi a minha surpresa quando me vejo lendo tudo isso sobre uma MULHER?!

Cadete de Aço retrata a vida de uma mulher dentro de uma instituição quase bicentenária, mas que só nas últimas três décadas abriu as portas para as mulheres e ainda sim mantém em pé uma barreira contra  a qual, as cadetes femininas devem lutar: o MACHISMO!

Nina é a Cadete Miller, uma mulher reservada que encontrou na carreira militar um refúgio de seus traumas do passado e que se dedica a provar o seu valor em meio de tantos homens de sua corporação. E esse desejo por se tornar fisicamente superior aos colegas lhe rendeu a fama de "sapatão". Mas o que vamos descobrindo aos poucos é que essa mulher durona vive uma batalha pessoal com seus próprios medos e feridas, que parecem nunca cicatrizar.

Tenente Huisman é oficial do Bope, um homem detestável, que vai bater de frente com a nossa protagonista e salvar sua vida, estreitando ainda mais a relação entre eles e colocando em risco a carreira da cadete.

Existem dois mundos. No masculino, quanto mais um homem se gaba de ser "fodão", mais ele é respeitado (...) no feminino, uma única transa pode arruinar a carreira de uma mulher.

Os personagens são cativantes e até aquele ser repulsivo que sempre encontramos em livros que trata sobre machismo foi muito bem desenvolvido, fazendo com que o leitor se envolta na história e crie uma empatia emocional com cada um deles. Fazendo com que os objetivos da protagonista ganhe ainda mais importância depois que descobrimos o que aconteceu em seu passado que a deixou tão vulnerável emocionalmente.

Mas a raiva que eu sentia dentro de mim, parecia ser uma fonte inesgotável de energia, que me motivava a seguir em frente.
A narrativa cheia de diálogos bem escritos e fluídos nos da uma ampla percepção de tudo que nos cerca na trama, seja no quesito cenário, personalidades ou conflitos. A autora tratou de assuntos atuais e relevantes com muita delicadeza e destreza, sem romantizar o que nunca foi romântico, mostrando a realidade da mulher dentro da nossa sociedade e isso tudo com uma história de amor, superação e recomeço, de encher os olhos, como pano de fundo.

A ambientação do enredo é no Brasil. Mas, assim como as corporações militares, a maioria dos lugares mencionados são fictícios, o que ainda sim me causou certa estranheza nos nomes escolhidos para os personagens, todos americanizados, sabe?! Por outro lado temos os fatos e locais reais, frutos de árdua pesquisa por parte da autora, o que dão maior dimensão aos temas tratados na história.

O meu destaque para esse livro é a protagonista. Nina é uma mulher que não se cala diante de atitudes que fira seus direitos, que prova que mulher deve estar onde ela quer estar. Uma mulher autêntica que mesmo machucada reafirma o seu papel de forma independente e igualitária, passando uma mensagem incrível e que todas nós deveríamos conhecer.

Tenho para mim que esse livro pode ser lido de duas maneiras, uma dela é focando no romance entre uma cadete e um tenente, colocando todos os outros assuntos como plano de fundo ou como eu, que deixei o romance em segundo plano e encontrei um livro empoderador, que me mostrou que nós, mulheres, não somos rivais, que devemos estar unidas em prol de todas, que diariamente travam suas batalhas pessoais e muitas que ainda são vítimas das mais diversas formas de violência e na maioria das vezes são desamparadas e desacreditadas por suas semelhantes. Façamos das dores de uma a de todas, nunca se cale e seja o que você quer ser!

Dado o momento que vivemos e as notícias dos últimos dias, onde 330 mulheres estão sendo banalizadas por uma sociedade machista, que vive a cultura do estupro, que naturaliza e coloca em dúvida atitudes monstruosas de um homem que prega a fé, esse livro é mais do que recomendado.

 Se não for nessa vida, que seja em outra. Tem que existir um mundo melhor para nós!


24 comentários:

  1. Não sei se aplaudo mais a resenha ou essa narrativa empoderadora! A temática do livro me parece ser ser daquelas que nos prende até a última página e principalmente com a contribuição da escrita fluída da autora. Adoro livros com muito diálogo e que mostram a força feminina, esse livro é mais um para a meta de 2019! Espero lê-lo e gostar bastante. Beijos do Wes ^^

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  2. Oi, tudo bem? Nossa, a sua resenha me passou outra ideia do que li na sinopse. Achei a sinopse bem antifeminista e forçada, até meio estereotipada. Por isso não sei se leria, mas achei legal a ideia de uma mulher no comando, até porque a gente pouco vê isso na literatura que fala sobre o Exército e lugares de poder. Uma coisa que me desagrada é o romance, eu tô pegando ranço de livros que têm uma ótima linha narrativa e colocam o romance pra estragar tudo huehue. Não leria agora também por isso (não tô no clima de romance), mas quem sabe mais no futuro :) Adorei seus dois últimos parágrafos! <3

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  3. Poxa, esta mulher é cheia de força mesmo hein, mas sobre os nomes serem americanizados vou ter que te dar minha opinião: eu gosto que escritas em cenários nacionais, mas sou apaixonada por nomes americanos, mas isto é uma questão de eu amar a cultura americana, só por esta questão mesmo.

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  4. Oi, Cá.
    Adorei saber que o livro pode ser lido dessas duas formas. Confesso que estou tão cansada nesse final de ano que só quero mesmo é saber de romances gostosos... Não tô a fim de ler nada problematizador! Rs... Preciso desligar a cabeça e esquecer a vida um tiquinho!!!
    Acho que pode ser uma história ótima para mim se eu a ler pelo lado da história de amor!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. Oi, Camila!
    Eu baixei esse livro quando vi sua indicação de que estava grátis na Amazon e estou bem curiosa com ele, pretendo ler mês que vem e espero conseguir. A ambientação ser no Brasil me agrada muito, eu adoro livros que se passem aqui, mesmo com lugares fictícios. Mas os nomes serem americanizados fica meio estranho mesmo, se é tudo no Brasil o natural seria nomes mais típicos daqui.
    Enfim, eu acho que vou curtir muito a leitura e a sua resenha me animou ainda mais.

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  6. Olá Camila,
    Esse livro eu tenho no kindle já e está na minha lista desde que vi a capa também não leio sinopses e sua resenha reforçou a minha vontade de ler esse livro com certeza irei ler ele ano que vem

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  7. Achei a narrativa interessante. Embora eu não goste da ideia de empoderamento e sim uma mensagem de igualdade, isto é, ninguém precisa provar nada pra ninguém. SE precisar é porque considera que exista diferença...enfim, anotado. Não é meu tipo de livro mas quando puder eu confiro.

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  8. Olá, tudo bem? Caramba, nas primeiras linhas da sinopse já fiquei empolgada para ler a obra, por uma mulher fazer tudo isso. É fato que o livro trata de um tema muito importante e necessário de ser abordado, então já fiquei louca para ler a obra. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  9. Oi, Camila!
    Confesso que, assim como você, ao ler o título do livro, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi o de que esta seria a história de um protagonista masculino. É nessas e outras que a gente percebe como o machismo ainda está presente na nossa visão, mesmo que a gente o repudie. Achei incrível a proposta do livro e, acho que se eu fosse lê-lo, também me atrairia mais pela ideia de empoderamento feminino do que pelo romance em si. Gostei muito da sua resenha e do paralelo que você fez com a nossa sociedade. Beijos!

    Jéssica Martins
    castelodoimaginario.blogspot.com

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  10. Olá!
    Uau! Confesso que julguei o livro e sua premissa totalmente errado, confesso que vendo por este lado, da união e empoderamento das mulheres com certeza irei dar uma chance agora! E ainda mais se tratando de uma leitura nacional com personagens tão cativantes.

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  11. Achei a premissa do livro muito interesse principalmente porque vem retratar dois pontos vistas, um deles e o romance, o outro e o empoderamento feminino, e como podemos nos posicionar diante deles. Confesso que fiquei bastante interessada na leitura, porém neste momento não leria. Mas, com certeza irei inclui-lo na lista de desejados, e assim que possível irei adquiri-lo. Espero que ano que vem possa lê-lo e gostar tanto, quanto você.

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  12. Que forte essa frase final da sua resenha! Eu me surpreendi ao ver que a protagonista que dá nome ao livro era uma mulher, sinal de que vivemos mesmo numa sociedade ainda muito machista. Achei super legal o perfil da personagem e ela tentar se destacar no meio militar, é uma leitura que eu faria.

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  13. Ola!!!

    Nossa que livro mais interessante! Nao conhecia a obra confesso, mas me encantei por suas palavras e pela premissa da história.
    Infelizmente nesse final de ano nao sei lhe dizer se o leria ou nao, pois ultimamente estou querendo muito ter leituras mais leves e gostosas para fugir um pouco da realidade.

    Beijos

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  14. Não conhecia a obra, é a primeira resenha que eu leio. Gostei de saber que é ambientado no Brasil, mas confesso que isso de americanizar os nomes me irrita um pouco. O autor é brasileiro e se passa no Brasil, qual a dificuldade de colocar nomes brasileiros? kkkkkk
    beijos

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  15. Caramba que resenha maravilhosa, fiquei mega curiosa. Não conhecia o livro, mas conferindo suas impressões fiquei louca pra conferir esse enredo que com certeza só acrescenta reflexões e atitudes positivas aos leitores.
    Parabéns pela leitura e valeu pela dica fantástica!!!!

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  16. Amei demais a sua resenha! Ficou maravilhosa!

    Acho que eu enxergaria o livro das duas formas: veria todo o empoderamento e também me encantaria com o romance.

    Realmente vivemos numa sociedade extremamente machista em pleno século XXI. Onde a culpa é sempre da vítima, onde mulheres são vistas como mentirosas ou como provocadoras de situações abomináveis. Muitas vezes sinto vergonha de viver num país tão atrasado, ainda tão preso a conceitos arcaicos. O tempo passa, avançamos tecnologicamente, mas regredimos cultural e humanamente.

    Vivo cercada de pessoas que duvidaram dessas mulheres que relataram os casos de estupro praticados por esse desgraçado. As pessoas estão vendo-o como uma vítima e desprezando as reais vítimas dessa situação. É inacreditável como nossa sociedade é absurda e nojenta! Mais de trezentas mulheres relataram que foram abusadas, mas o povo prefere acreditar no agressor. Vergonha deste país! Deste mundo!

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  17. Oi Camila, tudo bem ?
    Eu também não leio sinopses e como você ao ler, acharia que não seria sobre uma mulher. Que bacana que você conseguiu ter duas visões sobre o assunto. Só quem viveu uma violência sexual, o medo e todo o trauma que vem com ela pelo resto da vida, é capaz de entender o quão díficil é expor isso.
    Eu há dois anos tirei TV da minha casa e não assisto mais, só me mantenho atualizada pelas notícias On line, de qualquer forma, a que ponto a nossa sociedade chegou.
    Muito bacana a forma que você nos trouxe a resenha, é importante falarmos sobre isso.
    Beijos

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  18. Oi Camis,
    Que porrada hein, eu também não costumo ler sinopses, mas essa eu li kkkkkk, e fiquei mega curiosa, já quero pra ontem. É vergonhoso que sejamos capazes de evoluir em tantas coisas e ainda sim continuemos estacionados com certas coisas. A leitura me parece impactante, adorei a dica.

    Beijokas

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  19. Normalmente eu não gosto de livro "emponderador" pelo motivo que acho massante. Raramente tais livros têm algo além do objetivo de emponderar. É eu gosto de história, tramas, essas coisas. Assim, esse livro me chamou a atenção justamente porque tem as duas coisas. Acredito que eu gostaria de ler, por isso, anotando a dica.

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  20. Olá, Camila.

    É ótimo saber que a autora focou em um tema atual para seu romance e conseguiu desenvolve-lo bem. A personagem parece ser bem forte ao enfrentar os fantasmas do passado. Apesar de não ser o tipo de história que eu goste de ler, fiquei curiosa a respeito do desfecho do livro!

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  21. Olá!
    Eu já tinha visto sobre esse livro, acho interessante a profissão da personagem e da autora conseguir abordar temas polêmicos sem romantizá-los.
    Certamente um livro para refletir e que me deixa com vontade de ler.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  22. Olá Camila, eu não conhecia esse livro, mas já fiquei mega curiosa por termos uma mulher como protagonista nesse meio militar *-* Acho que ainda não li nenhum livro assim. Além disso pelos seus comentários o enredo parece estar bem desenvolvido assim como os cenários *-* Espero poder lê-lo em breve <3

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  23. Oi Camila,
    Li outra resenha desse livro e gostei muito da proposta do livro, achei interessante como a trama foi abordada, sabe? Mas também acho interessante a forma como esse livro poder ser abordado de duas formas. É uma dica que não posso deixar passar.
    Adorei sua resenha ♥
    Beijos,
    @umoceanodehistorias_

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  24. Olá, tudo bem? Eu fiquei surtada já na sinopse. Adoro inversões de papéis tão esteriopados pela nossa sociedade, por isso com certeza dica anotada! Já quero conferir essa história que tem um "Q" de empoderamento e powerfull feminino. Adorei a resenha <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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