[RESENHA] O Demonologista.

Livro: O Demonologista
Autor: Andrew Pyper
Páginas: 328
Editora: DarkSide Books



A maior astúcia do Diabo é nos convencer de que ele não existe", escreveu o poeta francês Charles Baudelaire. Já a grande astúcia de Andrew Pyper, autor de O Demonologista (DarkSide® Books, 2015), é fazer até o mais cético dos leitores duvidar de suas certezas. E, se possível, evitar caminhos mal-iluminados.
O personagem que dá título ao best-seller internacional é David Ullman, renomado professor da Universidade de Columbia, especializado na figura literária do Diabo - principalmente na obra-prima de John Milton, Paraíso Perdido. Para David, o Anjo Caído é apenas um ser mitológico. Ao aceitar um convite para testemunhar um suposto fenômeno sobrenatural em Veneza, David começa a ter motivos pessoais para mudar de opinião. O que seria apenas um boa desculpa para tirar férias na Itália com sua filha de 12 anos se transforma em uma jornada assustadora aos recantos mais sombrios da alma.
Enquanto corre contra o tempo, David precisa decifrar pistas escondidas no clássico Paraíso Perdido, e usar tudo o que aprendeu para enfrentar O Inominável e salvar sua filha do Inferno.
Este é um daqueles livros que você não consegue largar até acabar a última página, ainda que vá precisar de muita coragem para seguir em frente. O Demonologista ganhou o Prêmio de Melhor Romance do International Thriller Writers Award (2014), concorrendo com autores como Stephen King. Entrou em diversas listas de melhores livros de 2013, foi finalista do Shirley Jackson Award (2013) e do Sunburst Award (2014), chegou ao topo da lista dos mais vendidos do jornal canadense Globe and Mail e foi publicado em mais de uma dezena de países.

Pense em uma diagramação perfeita. Pensou?! É a deste livro.
O Demonologista foi meu pedido de presente do dia das mães e quando chegou e eu pude toca-ló, prestigia-ló e eu quase alcancei o “nirvana literário”.

A DarkSide tem feito uma legião de fãs por essa dedicação, é aquele livro que vale cada centavo, mesmo que o autor não nos traga uma estória tão boa assim, como é o caso.



Andrew Pyper traz um emaranhado de mistérios de dar nos nervos de qualquer leitor, com habilidade ele intercalá seu enredo com poemas do livro “Paraíso Perdido” de John Milton e trechos bíblicos, algo que vira uma mapa para o protagonista.

O professor David Ullman é o nosso demonologista, que não acredita em praticamente nada voltado a forças sobrenaturais e para os apaixonados pelo gênero sabe que isso é o suficiente para o mal querer tocar o terror e provar que existe sim! E é através de uma proposta de trabalho nada convencional que Ullman vai se meter, juntamente com sua filha, em uma viagem sem fim.

Tem sido uma maneira engraçada (os devotos podem até chamar de hipócrita) de ganhar a vida: passei minha carreira dando aulas sobre coisas nas quais não acredito. Um ateu estudioso da Bíblia.

Em Veneza, David ficará cara a cara com a personificação do mal e isso mudará todo ceticismo alimentado por ele até esse momento.
Desconcertado e emocionalmente abalado ele vê sua pequena Tess, ficar possuída pelo "Inominável", se jogar da sacada do hotel em que estão hospedados e ir de encontro as águas do rio que corta a cidade. Deste momento em diante começa a caçada infindável pelo “O Inominável” para resgatar da alma de sua filha, uma corrida contra o tempo. Com um “Perseguidor” grudado em sua bota para impedi-ló de ter exito..

Muitas destas partes me trouxe lembranças do filme “Constantine”, que já vi inúmeras vezes. É uma mistura de real e sobrenatural que cheguei a ficar sem saber oquê realmente estava acontecendo, será que tudo não estava apenas na mente do professor?! A leitura chega a ser perturbadora para o próprio leitor, então dá para imaginar como o protagonista não está!

A mente é onde eles habitam, e nela podemos fazer do inferno um paraíso, do paraíso um inferno.

Para resgatar a alma da filha, o protagonista vai ter que decifrar as pistas que são deixadas em seu caminho e a cada descoberta a distância de Tess, diminui. A pesar da solidão dessa caçada é em sua amiga O’Brien, que David, vai encontrar conforto para este momento perturbador que está vivendo.



A fluidez da leitura é perfeita, tudo acontece sem enrolações, de um fato, uma descoberta a outra até que chega as 20 últimas páginas do livro e estraga tudo.
Você se pergunta se tantas perguntas sem respostas caberão em tão poucas linhas restantes. E a resposta é não!

O livro acaba sem nexo, com tantas pontas soltas, com a impressão de que o autor escreveu muitos trechos desnecessários, algo como fazer uma redação em dia de prova e um dos quesitos é que ela tenha 20 linhas e você começa com devaneios só para preenche-las. Isso foi um balde de água fria para mim que esperava uma estória tão perfeita quando o capricho da edição, ledo engano.

Fico pensando nos cometários sobre o livro e me perguntando se realmente os autores deles fizeram a leitura completa do livro ou se só falou aquilo para promover a venda do mesmo. Não tiro o mérito do autor em construir uma narrativa destas, escrever um livro não é pra qualquer um, mas acabar como acabou? Porquê???

Veja bem, o livro não é ruim, pelo contrário. Você devora ele, você precisa saber o desfecho. é tudo muito bem escrito, muito bem elaborado, mas praticamente sem fim. O livro acaba e sua cabeça fica fervilhando em perguntas, que pelo visto nunca terão respostas.

Como sou brasileira e não desisto nunca, está na minha lista de desejos o livro “Os Condenados”, do mesmo autor e da mesma editora, só estou esperando a promoção perfeita para me aventurar em mais um enredo que promete arrepiar meus cabelos.