[RESENHA] A ASSOMBRAÇÃO DA CASA DA COLINA

Título: A  ASSOMBRAÇÃO DA CASA DA COLINA
Autoria: Shirley Jackson
Páginas: 240
Editora: Suma de Letras


Parceira 2018
Considerada uma das melhores histórias de terror do século XX, a A assombração da Casa da Colina promete calafrios aos seus leitores. Vista por mestres como Stephen King e Neil Gaiman como a rainha do terror, Shirley Jackson entrega um livro perturbador sobre a relação entre a loucura e o sobrenatural. Sozinha no mundo, Eleanor fica encantada ao receber uma carta do dr. Montague convidando-a para passar um tempo na Casa da Colina, um local conhecido por suas manifestações fantasmagóricas. O mesmo convite é feito a Theodora, uma alma artística e “sensitiva”, e a Luke, o herdeiro da mansão. Mas o que começa como uma exploração bem-humorada de um mito inocente se transforma em uma viagem para os piores pesadelos de seus moradores. Com o tempo, fica cada vez mais claro que a vida, e a sanidade, de todos está em risco.


Terror é um gênero que quase sempre me agrada, então quando vi o mestre, Stephen King, falando sobre esse livro ser a história de casa mal-assombrada mais próxima da perfeição que ele já leu, eu tive certeza de que precisa ler o livro que a mais de meio século vem sendo ponto de referência da literatura gótica. A trama apresentada pela autora, Shirley Jackson, foi tão promissora para o gênero que rendeu dois longa-metragens.
Agora que já sabemos se tratar de um clássico vamos a minha experiência com essa leitura.

A  Assombração na Casa da Colina é exatamente o que o título diz. temos uma velha casa, que desde que foi construída, a cerca de oitenta anos, vem sendo relacionada com as desgraças que acompanha os moradores dela, isso segundo os habitantes da cidade rural de Hillsdale, onde a colina está situada. Sabendo disso o Dr. John Montague, um analista de manifestações sobrenaturais, decide por formar uma equipe para provar os fenômenos relatados.
Uma casa isolada, transtornada, que a mais de vinte anos permanece sozinha contra as colinas, mantendo a escuridão lá dentro, até as portas serem abertas por Montague, Theodora, Luke Sanderson e a nossa protagonista. Eleanor Vance.

As pessoas, [...], estão sempre ávidas por dar nomes ás coisas, mesmo que o nome seja sem sentido, contanto que tenha uma sonoridade científica. 

A construção dos personagens é um show a parte nesse enredo. São quatro pessoas distintas, cada um com seu problema interior. Vemos que Luke, o herdeiro da casa, é um desajustado social, mas que sofre as consequências de uma vida sem a presença materna. Theo é uma moça mimada, sensitiva e a frente do seu tempo. Especulasse que ela sente uma certa atração por Eleanor, uma mulher que se anulou para cuidar da mãe inválida e hoje se culpa pela morte dela. Montague tem um ar professoral, sempre tentando manter o bom senso. Não posso deixar de falar sobre a Sra. Dudley, a governanta, que ao lado do marido toma conta da casa é um poço de mistério, metódica, que nunca fica na casa depois do anoitecer. Dando assim ainda mais corda para nossa imaginação.

Um grupinho de fato agradável. [...] Destinados a ser amigos inseparáveis, a bem da verdade. Uma cortesã, um peregrino, uma princesa e um toureiro. Não há dúvida de que a Casa da Colina nunca viu algo semelhante a nós. 
Não tenho muito o que falar sobre o desenrolar da história, pois tudo se resume na rotina destas quatro pessoas dentro da casa, percorrendo seus infindáveis e labirínticos cômodos para tentar comprovar alguma coisa, até a espiritualista, Sra. Montague, aparecer.
A esposa do doutor chega, com seu amigo Arthur. em uma noite de sábado e trás um novo fôlego a narrativa. Mulher forte, que não brinca em serviço e se mostra bem mais prática que o marido, a quem ela sempre está diminuindo.

A casa exerce um certo fascínio sobre os hospedes, mas nada se compara ao que ela faz com a pobre Eleanor. Fica implícito que a casa desejava a vinda dela, fazendo com que a mulher crie a obsessão de que deve permanecer lá, mesmo depois que, pelo seu próprio bem, todos a expulsem de lá.

Jornadas terminam no encontro de amantes. Mas eu não vou, [...], A Casa da Colina não está tão tranquila quanto eles estão; com o simples fato de me mandarem embora, eles não podem me obrigar a sair, não se a Casa da Colina pretende que eu fique.

O que mais chama atenção no decorrer da narrativa é que quase tudo parece ter sido escrito com o único proposito de mexer com a imaginação do leitor, da mesma maneira que mexe com os personagens dentro da casa. Nada de sobrenatural é realmente comprovado, todos os acontecimentos são ambíguos. Portas que se fecham sozinhas, barulhos ensurdecedores pela madruga e risadas fantasmagóricas são algumas das coisas que acontece na Casa da Colina depois que o sol se põe, mas sempre fica aquela sensação de que talvez seja algum dos hospedes da casa pregando uma peça.
Outro ponto interessante é a relação entre eles, que de hora para outra começa a ruir, o que se é comum em situações de confinamento. Ou seja, pode ser que a casa seja mesmo mal assombrada, mas também pode ser que tudo não passe da imaginação dos visitantes. E é aí que está toda beleza do livro.

O medo é a renúncia da lógica, a renúncia voluntária de padrões sensatos. Ou cedemos a ele ou lutamos contra, mas não nos é possível encontrar um meio-termo.
Para mim que estou habituada ao gênero é algo fantástico poder me assustar simplesmente por achar que os acontecimentos dentro da casa são sobrenaturais, em momento algum isso é afirmado por qualquer que seja o personagem, é tudo subjetivo. Com maestria a autora aguça a imaginação do leitor, fugindo dos estereótipos de terror que vemos por aí. Então não se engane achando que vai encontrar monstros ou mesmo almas penadas nesse enredo, pois a matriz desse terror está no medo interior que cada um carrega.

O desfecho é simples, direto e daqueles de deixar qualquer um sem fôlego. Shirley Jackson soube de forma concisa colocar um fim espetacular a está história, daqueles imagináveis, mas sem dúvida o mais consistente com todo enredo que acabamos de acompanhar.
A Assombração na Casa da Colina é uma obra prima, um clássico que conquista e amedronta com suas possibilidades e incertezas, onde uma casa é quem protagoniza todo ação e o psicológico dos personagens e do próprio leitor é quem dita o que de fato é real.


Como eu disse na postagem de apresentação do livro aqui na Cabine, além de suas duas adaptações cinematográficas, o livro vai ganhar uma série na Netflix ainda esse ano, então corre que ainda dá tempo para conferir esse clássico e me responder se a Casa da Colina é realmente assombrada. 


15 comentários:

  1. Oi Cams! Estou muito empolgada por saber que o terror e o medo deste livro consistem mais em serem psicológicos do que de fato alguma coisa sobrenatural e misteriosa. Vi uma adaptação deste livro, que na época eu não sabia ser baseado em um livro, e gostei muito, com Liam Neeson, meu coroa favorito, e gostei muito do suspense do filme, o que pode se concluir pela sua resenha, vem todo do livro. Não me lembro do fim do filme, o que é bom, pois quero muito saber como acaba essa história fantástica. Obrigada pela resenha!


    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com

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  2. Oi Ca!

    Tudo bem? Então, estou vendo todo mundo falar bastante empolgada sobre esse livro, mas acontece que eu sou a pessoa errada para fazer esse tipo de leitura porque pense em alguém medroso e impressionável? Bem, esse alguém sou eu!

    Fico feliz que tenha sido uma leitura proveitosa e que o final tenha sido de tirar o fôlego para você, mas como eu disse, não sou a pessoa certa para ler terror então, desta vez, eu vou passar a dica.

    Beijinhos - Jessie
    www.paraisoliterario.com

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  3. Como não sou adepta a livros de terror confesso que nunca tinha visto algo sobre este livro que na verdade é um clássico. Foi muito bom conhecer a trama e saber como uma simples casa parece afetar tanto os que a habitam. Esse final deve ser muito bom, quer dizer, o livro todo deve ser bom, justamente por explorar o lado psicológico (mais até do que o sobrenatural). Enfim, que ótimo livro para se adentrar a este gênero. Curti.

    Beijos
    http://ventoliterario.blogspot.com

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  4. Olá amore,

    Sendo bem sincera não é o tipo de leitura que eu curta muito ler não, passo a dica dessa vez.
    Sua resenha está impecável parabéns e as fotos maravilindas!

    Beijokas!!!
    www.facesdeumacapa.com.br

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  5. Oii

    É simplesmente impossível nao ver o quanto esse livro vem empolgando os leitores por ai.
    Sua resenha esta incrível e por conta disso vou enviar ela para dois amigos meus que amam o gênero.

    Eu infelizmente vou passar a sua dica porque sou uma medrosa de mão cheia e passo longe do terror sem nem olhar para trás.

    Beijos

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  6. Olá!
    Ando um pouco cansada de certos tipos de leituras, mas como teremos uma adaptação vou esperar o lançamento e se curtir o desenrolar da trama ai tento dar uma chance.
    Pelo que pude perceber o carro chefe da Suma agora são os terrores, sobrenatural e isso pode trazer boas dicas de leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  7. Não sou muito de ler livros de terror, mas aos poucos estou me aventurando nesse estilo e esse título com certeza chamou muito minha atenção.
    Amei suas impressões e suas observações só me fizeram ter certeza que irei gostar da leitura. Enfim dica mais que anotada na minha lista de desejo do skoob.
    Beijos e ótimas leituras para vc querida.

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  8. Oie!

    Já tinha visto você falando deste livro e lembro de ficar bem curiosa, mas eu ainda não adquiri o habito de ler livros de terror e não sei se eles irão fazer meu estilo de leitura. Confesso que vou acabar dando uma chance para eles algum dia, mas não por agora. rs
    Ótima resenha, e me deixou um pouco curiosa pra saber mais da história, mas vou ser uma péssima leitora e esperar a série ):

    Beijos
    Carol
    www.thereviewbooks.com.br

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  9. Eu tenho muito medo de terror, mas pelo que você disse não acho que consideraria esse livro terror não... A não ser que tenha horror, com sangue e tal, acho que conseguiria ler com certa tranquilidade. Mas minha dúvida é: o final é fechado, recebemos uma explicação? Ou é ambíguo como algumas vezes acontece durante a narrativa, como você disse? Não curto finais abertos.

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  10. Acredita que eu nunca li um livro de terror? Preciso começar, fiquei imaginando nas resenhas as postas abrindo, assombrações e a curiosidade em saber o que tem nessa casa mal assombrada rs
    Lembro de ter visto um filme mesmo com um nome parecido, mas a trama era outra, era competição para saber quem sobreviveria, confesso que achei que era a mesma história. O que foi bom, pq achei o filme muito chato
    Bjos floooor

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  11. Oiii,

    Eu realmente não sou uma garota do terror, é o tipo de história que não me chama atenção é que sempre me deixa impressionada por dias kkkk Mas sua resenha é uma ótima dica para quem curte este gênero e eu já sei qual história recomendar para quem me pedir uma dica no gênero.

    Beijinhos...
    http://www.paraisoliterario.com

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  12. Terror não é muito a minha praia... Não consigo realmente ter vontade de ler os livros, por mais que tenha um enredo interessante, que é o caso deste livro!

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  13. Oi, tudo bem?

    Já tinha visto esse livro, mas não me interessei muito em ler. O gênero não faz muito meu estilo, comecei há pouco tempo a ler mais livros de terror. Ainda não conhecia o autor, não me lembro de ter ouvido o nome dele antes. Mas como no momento estou lendo mais romances ou romances de época, vou só anotar o nome do livro para ler depois.

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  14. Oi, Camila!
    Como dito no post de apresentação do livro, eu não leio ou vejo filmes do gênero de terror, realmente não gosto por isso é uma dica que passo longe. Ainda assim, legal saber melhor sobre essa história agora e mesmo que seu ar é de terror mas nada na trama é comprovado, podendo então ser a mente insegura dos personagens falando mais alto, uma ótima sacada da autora mesmo. Que bom que gostou da leitura!
    Beijos,
    Sâmmy

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  15. Se é um clássico do terror e de autoria feminina, já quero ler com toda certeza. Ficou ótima sua resenha, fiquei ainda mais animada pra conhecer mais dessa casa assombrada.

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