A Garota no Trem - Paula Hawkins

Livro: A Garota No Trem

Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você.

Autor (a): Paula Hawkins

Páginas: 378

Editora: Record

Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor.
Todas as manhãs, Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d'água, pontes e aconchegantes casas.
Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes a quem chama de Jess e Jason , Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess na verdade Megan está desaparecida.
Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.
Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota No Trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Meu primeiro contato com esse gênero literário foi através do livro Entre Quatro Paredes, depois disso os thrillers caíram no meu gosto e quando li algumas resenhas sobre A Garota no Trem ele entrou na minha lista de desejos e isso já tem quase dois anos. Finalmente eu li e vou falar pra vocês o que eu achei desse best-seller.

Inspirado nas obras de  Hitchcock, a autora Paula Hawkins vem com uma trama narrada por três mulheres, cheia de mistérios, bem ao estilo do clássico Janela Indiscreta, onde a protagonista Rachel tem aquela vida da casa pro trabalho e do trabalho para casa, sem qualquer emoção ou novidade, a não ser o fato dela ser obcecada pela casa de número 15 de sua antiga vizinhança, que ela contempla diariamente da janela do trem. Os moradores dessa casa são perfeitos a seus olhos e vivem a vida que qualquer casal sonha.

Acho que comecei a reparar neles há mais ou menos um ano, e, pouco a pouco, os dois foram se tornando importantes para mim.

Megan e Scott formam o casal do número 15 e diferente do que a nossa protagonista pensa eles estão longe de ter um casamento feliz. Megan tem um passado obscuro e Scott é um homem controlador, possessivo e  agressivo. E é nas vidas dentro do trem que Megan acredita estar a felicidade. Sabe aquela coisa de que a grama do vizinho sempre é mais verde?! Pois bem, é esse o pano de fundo dessa história.

Mas nessa rua tem outro casal que cruza a história e não é ninguém menos do que o ex marido da Rachel, Tom e sua nova esposa, Anna, mãe de uma menininha que tinha como babá Megan. Já deu para perceber como tudo nessa trama está amarrado, mesmo que indiretamente todos tem uma ligação.

Dois anos após o divorcio Rachel é uma alcoólatra estéril, depressiva e desempregada. Ela é aquele tipo de pessoa que não pode beber e ter um celular por perto que faz estrago. Tom e Anna sabem bem o que é isso. E foi depois de uma bebedeira que Rachel se viu a caminho da casa do ex-marido e essa noite rendeu, pois ela acabou de descobrir o desaparecimento de Megan e acredita que de alguma maneira pode ajudar o resignado esposo a encontrá-la, afinal, ela estava por lá no dia do sumiço.

Não consigo reter a lembrança. Toda vez que acho que estou prestes a resgatar aquele momento, ele recua para a penumbra, fora do meu alcance.

As coisas seriam fáceis se ela não perdesse o controle sobre tudo quando se encontra embriagada e a única certeza que ela tem é que na noite do sumiço da "amiga" ela voltou para casa machucada e com sangue nas mãos. Estaria ela envolvida com o desaparecimento de Megan? Só lendo para você saber e eu vou dizer que a resposta para isso não demora a vir.

A Garota no Trem traz uma narrativa eletrizante, mas que perde o embalo devido ao excesso de suspense e voltas que o enredo dá. Bem desnecessário se levar em conta que antes da metade do livro já temos uma ideia de quem é o responsável pelo desaparecimento de Megan.

Mas a minha ressalva quanto ao livro é sobre os relacionamentos retratados nele. Todos, sem exceção, são tóxicos, são relacionamentos abusivos e temos uma cena de violência contra a mulher que fica sem nenhuma punição, parece que a autora esqueceu dessa parte, foi só mais um trecho para prolongar o suspense que já conhecemos. Tudo que envolve as mulheres desse livro gira em torno dos homens, todas abriram mão de algo para viver o sonho deles, nenhuma delas tem vida própria e constatar isso foi doloroso para mim.

Nunca entendi como as pessoas podem negligenciar com tanta frieza os danos que causam ao seguir o que manda o coração. Quem foi que disse que fazer o que manda o coração é uma coisa boa? É puro egocentrismo.

Não posso negar que a escrita da Paula é viciante, pois eu não larguei o livro enquanto não cheguei na última página e isso se deve a dinâmica da narrativa que fica entre Rachel, Anna e Megan, mas como aprendi, nesse gênero não podemos confiar em tudo que nos é apresentado e talvez seja por isso que eu já previa algumas das revelações.

Agora eu tiro meu chapéu para a pressão psicológica que permeia toda história. Essa questão foi tão bem desenvolvida que em muitos momentos eu sentia a angustia da personagem que narrava os acontecimentos. Por esse motivo foi impossível tomar lado de apenas uma das mulheres que protagonizam esse trhiller. Personagens femininas reais, com falhas reais, que desperta a empatia do leitor, ainda que por vezes elas tenham atitudes irritantes.

Não sou mais só uma garota no trem, indo e vindo sem motivo ou propósito. Quero que Megan reapareça sã e salva. Quero, sim. Mas não agora.

Um ponto importante que o livro destaca é o problema de alcoolismo enfrentado por Rachel. Quem já vivenciou esse problema de saúde vai ver o quão fiel a autora foi em retratar uma personagem assim, chega ser agonizante acompanhar a trajetória desse vício.

A culpa é minha. Eu sempre bebi – sempre gostei de beber. Mas acabei me tornando uma pessoa triste, e a tristeza cansa depois de um tempo, tanto para quem está triste como para todo mundo em volta. Então passei de alguém que gostava de beber à condição de bêbada, e não há nada que canse mais que isso.

Nesse livros temos três mulheres que vivem a busca da plena felicidade, de uma vida perfeita, mas o que vemos são mulheres frustradas e vivendo uma fantasia. Rachel é a mulher traída, Megan é a dona de casa entediada e Anna é a moça dedicada que se apaixonou por um homem casado. Três vidas entrelaçadas, cheias de intrigas, mentiras e muitos segredos.

Se eu gostei do livro? Sim. Se eu esperava mais? Sim, sim! Mas eu recomendo e quero conferir a adaptação cinematográfica que foi lançada lá no finalzinho de 2016 e que segundo as "más" línguas, traz o frágil suspense do livro para as telonas. Quero assistir.




Autora:

Paula Hawkins trabalhou 15 anos como jornalista antes de se tornar escritora. A Garota no Trem é seu primeiro romance chegou ao primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times e da Amazon na semana de lançamento, onde permaneceu por vários meses. Os direitos de tradução já foram vendidos para 41 países e uma adaptação cinematográfica foi produzida pela DreamWorks.