Outsider - Stephen King

Livro: Outsider

Autor (a): Stephen King

Páginas: 528

Editora: Suma de Letras

 

O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade — Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas.
O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido.
Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara? A aterrorizante resposta é o que faz desta uma das histórias mais perturbadoras de Stephen King.

Não a fim para o universo. 

E tenho pra mim que para a criatividade e o talento de Stephen King também não! Meu primeiro contato com a escrita do rei do terror, foi com " O Iluminado" e eu tinha cerca de 14 anos. Me lembro como se fosse ontem, o quanto eu fiquei extasiada com aquela história, como eu devorava o livro e durante a noite morria de medo de ir ao banheiro e ver alguma coisa no corredor. Quase duas décadas depois eu vivo a mesma sensação.

Outsider foi o livro escolhido para o meu Desafio 12 meses literário de agosto, afinal os livros do sr. king são sempre best-sellers! Mantendo a capa original, o livro foi lançado recente aqui no Brasil pela Suma de Letras, que desde o ano passado vem trazendo relançamentos do autor na " Biblioteca Stephen King" e obras inéditas, como é o caso desse livro que acabei de ler.

Terry Maitland, é um homem imaculado, casado, pai de duas lindas meninas e o renomado treinador da Liga Infantil de beisebol de sua cidade, Flint City. Mas uma mancha surge em seu nome e sua prisão é iminente, deixando toda cidade polvorosa.  O responsável por essa façanha é o detetive de policia, Ralph Anderson, que tem certeza absoluta de que o treinador de seu próprio filho é o culpado da morte do pequeno Frank Peterson.
Tudo estava perfeito para o procurador Bill Samuels apresentar a denuncia na próxima semana, isso não fosse o fato de Maitland ter um álibi perfeito, perfeito até de mais.

A história vem dividida em várias seções, todas narradas em terceira pessoa de acordo com a data dos acontecimentos após o assassinato do garoto. A primeira parte já chega mostrando o porque da fama do autor, uma vez que o conflito chave do romance é o assassinato de uma criança e S.K não usa de floreios para descrever como isso se deu.
De forma bem C.S.I vamos vendo o desenrolar dos fatos e toda linha investigativa, que sofre uma grande reviravolta quando o advogado de defesa Howie Gold entra no caso e refuta todas as provas apresentadas pela promotoria. A partir daí as história toma um novo rumo, tornando tudo incerto, inclusive as certezas do pobre leitor.

A grande premissa do livro é responder a pergunta de como uma pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e é aqui que mais uma vez tenho que tirar meu chapéu para o autor, pois é em torno disso que é construído uma história tão envolvente e assustadora que chega perturbar o próprio leitor.

-Tudo é possível... Tudo. O mundo é cheio de cantinhos e frestas estranhos.

São tantas reviravoltas, ora temos um quebra cabeça com peças faltando, ora com peças sobrando e no fim tudo se encaminha para um resultado surreal.
Aqui temos referência de livros anteriores do autor, obras da rainha do crime,  Agatha Christie e frase de detetive famoso, Sherlock Holmes. Mas o que me fez amar ainda mais essa obra é sua inspiração dela, que vem do conto "William Wilson", do  excelentíssimo Edgar Allan Poe, que inclusive é citada no decorrer da trama.

Visitante, Forasteiro, El Cuco, Bicho Papão e Doppelgänger. Esses são os nomes dados a criatura com canudos no lugar de olhos que pode ser o autor do pavor que vem se espalhando pelo Texas e ao que tudo indica ele não só se alimenta da carne das vitimas, como também do sofrimento que deixa por onde passa. E gente do céu, o estrago desencadeado pela brutal morte do garotinho Peterson é estarrecedor, só lendo para você saber do que estou falando, mas já antecipo que mais mortes trágicas aparecem no enredo.

Uma criatura que vive de infelicidade, um comedor de sofrimento em vez de um comedor de pecados […].

Como nem tudo na vida são flores eu devo fazer duas ressalvas sobre a história, a primeira é relacionada ao pai de Frank Peterson. Achei que faltou um desfecho para ele, que ficou perdido no meio do livro e não aparece mais. Outro ponto que me deixou intrigada foi Derek, filho do detetive Ralph. Achei um personagem desnecessário, criado apenas para reforçar a ideia de que o detetive tinha um vinculo sentimental com Terry Maitland. Não tinha necessidade, a história é magnifica por si só, sem furos ou pontas soltas, com um trabalho de pesquisa formidável sobre as lendas mexicanas em torno do suposto mostro, cheio de alusões ao mal e a infinitude do universo. Uma história que chama atenção para o sobrenatural, de forma misteriosa e macabra.

O livro é tão bom que mal lançou e já vai virar série e a produção ficará a cargo da Media Rights Capital. Segundo o Observatório do Cinema, Richard Price (O Beijo da Morte) está cotado para escrever o roteiro com Jack Bender e Marty Bowem como produtores.

Em suma a história é perfeita dentro do que ela propõe, que é perturbar o leitor. Um calhamaço que acabou sem eu perceber e deixou uma sensação macabra no ar em relação a infinitude do universo e de seus muitos lugares desconhecidos, tornando-se assim o melhor livro que li neste ano e que eu recomendo de olhos fechados.