Celular - Stephen King



Em Celular, King leva o medo da tecnologia e do terrorismo digital às últimas consequências. De uma hora para outra, telefones celulares se tornam os responsáveis pelo apocalipse, ao apagar do cérebro de milhões de pessoas qualquer traço de humanidade, deixando no lugar apenas violência e impulsos destrutivos.
Aqueles que não possuem um celular, como o artista gráfico Clayton Riddell e seu pequeno grupo de normies - pessoas que não sofreram o ataque -, agora lutam por sobrevivência. Enquanto batalha para chegar a um lugar seguro e reencontrar sua família, Riddell se vê cada vez mais rodeado por caos, carnificina e uma horda terrível de humanos que foram reduzidos aos instintos mais básicos... mas que parecem estar começando a evoluir.

Se enquadrando perfeitamente em uma ficção científica soft, "Celular" chegou repaginado pela Editora Suma e promete nos fazer repensar  sobre o uso de tecnologia e terrorismo digital, provando que o autor não leva título de rei do terror a toa, pois ele conseguiu me deixar de cabelo em pé com mais essa história, que a principio parecia mais um apocalipse zombie e quando me dei conta estava imersa em uma trama angustiante, aterradora e tecnológica.

O mundo é perturbador pra cacete!

O livro começa com Clayton Riddell saindo de uma bem sucedida reunião de negócios, no qual reacende a esperança do artista em quadrinhos em reconquistar sua família. Mas a ensolarada e perfeita tarde na cidade de Boston começa a sair dos trilhos quando pessoas ao celular "explodem" em acessos de raiva e violência gratuita, emitindo sons guturais e de forma totalmente doentia, transformando tudo ao redor em uma selvageria infernal.

O que se percebe quase de imediato é que o gatilho de tudo foi os celulares, que zumbificou boa parte da população, que teve seus cérebros resetados por algo que chamam de "O Pulso" e resta aos que não foram transformados continuar vivos em meio a carnificina que domina as ruas.

Já nos primeiros momentos do caos Riddell conhece Tom, quem se torna um bom amigo do nosso protagonista, assim como a jovem Allice, que se torna a protegida dos dois homem. A amizade entre os três vai surgindo gradativamente e convence, ainda que em alguns momentos tenha sentido raiva de um ou outro.


Trio formado e devidamente apresentado é hora do êxodo! Os três partem em busca de Johnny, o filho de Riddell, que é a incógnita do livro, uma vez que não sabemos se o menino virou um "FONÁTICO" e até descobrirmos muita água vai rolar.
Quando a caminhada começa a se tornar repetitiva o autor vem com com a evolução dos Fonáticos, que passam a se organizar e formar seu exercito para transmitir "O Pulso" aos que ainda não se "contaminaram" e um novo integrante se une ao grupo, Jordan, que é quem traz luz a muitas perguntas sem respostas sobre os mortos-vivos.

O que Darwin foi educado demais para dizer, amigos, é que dominamos a Terra não porque somos os mais inteligentes, ou mesmo os mais cruéis, mas porque sempre fomos os mais loucos, os mais desgraçados homicidas da floresta.

Telecinesia, pensamento compartilhado e até mesmo levitação entra em cena, dando uma direção um tanto quanto confusa a trama, mas mantendo o pano de fundo sangrento, que chega a horrorizar o leitor. Mas que ganha uma leveza quando somos apresentados a forma que a horda encontra de se recarregar. Os personagens principais são muito bem trabalhados e desenvolvidos, cada um com seu dilema interior e cada um, a sua maneira, me cativou.

O enredo aborda o lado mais sombrio da natureza humana e nos chama atenção para "Era Tecnológica" que vivemos, destacando conflitos simples que podem ter grandes consequências. Nos faz enxergar a linha tênue que separa o ser humano racional da insanidade. Mas no geral o livro não é nem de perto um dos melhores do autor, seja por conter uma narrativa com ritmo intermitente ou por trazer uma trama por vezes confusa. Com um livro dedicado a Richard Matheson (autor de ‘Eu sou a lenda’) e George Romero (diretor do filme ‘A noite dos mortos-vivos') a impressão que fica é que  autor junto a essência das duas obras para criar "Celular", o que não é de todo ruim.

Então, por que eu dei cinco estrelas?

O final! Ele é péssimo e ao mesmo tempo instigante, daqueles que te deixa sem chão, sem ar, olhando para o nada com vontade de jogar o livro na parede e de escrever uma carta ao autor implorando por uma continuação. E esse sentimento fica por semanas, resultando em uma incrível ressaca literária.

Então, eu recomendo! Ainda que o ritmo possa desanimar em algum momento, o desfecho terá valido toda a jornada e você vai querer muito mais do autor, que consegue hipnotizar, mexer com a nossa psique e nós fazer temer os tão amáveis aparelhos de celulares.






19 comentários:

  1. Oi, Camila!
    Nossa, esse livro parece trazer muitas críticas sociais ao nosso estilo de vida! Eu adoro livros assim! Inclusive penso que, mesmo que os fonáticos da história tenham se tornado tão selvagens, não acho que isso seja algo tão distante do ser humano, visto que a internet tem sido cada vez mais usada para propagar discursos de ódio. Nunca li nada do Stephen King, mas me interessei bastante pelo livro com sua ótima resenha e espero poder lê-lo futuramente. Beijos!

    Jéssica Martins
    castelodoimaginario.blogspot.com

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  2. Olá Cá!
    Eu li uma resenha desse livro, acho que no blog da Beatriz e achei bem interessante os temas apesar de estar um pouco afastada desse tipo de leitura, sempre acho que os livros do SK tem aquela fórmula que dá certo, terror bem instigante, mas que nos leva a fritar o psicológico.
    O carro chefe da Suma.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  3. Olá Camila.

    Eu adorei sua resenha. Toda vez que vejo alguém falando dos livros do autor me desperta um enorme interesse e esse, em particular, me deixou ainda mais curiosa. Primeira resenha que leio dele e amei! E saber sobre o final me deixou curiosa. Preciso ler! haha

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  4. Hahaha nada melhor que um livro que acaba com a gente lá no final, né? Eu acho isso impressionante. Apesar de nao ser muito ligada em King, essa obra em especial me deixa bastante instigada, adorei sua resenha Cami.

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  5. Hahahahahaha "Ele é péssimo e ao mesmo tempo instigante" adorei!
    Sempre quis ler esse livro por causa de sua temática, mas não sou lá grande fã da escrita de Stephan King, ou seja, sou das que precisará ter paciência...
    Gostei muito de ver sua sinceridade na resenha =)

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  6. Oi Cams! Por incrível que pareça, nunca imaginei chegar a dizer de um dos meus autores preferidos, mas... que livro ruim. Se a intenção do King foi escrever sobre um apocalipse zumbi, lamento. Achei a narrativa ruim, não há surpresas, repetição contínua. Embora ache os personagens interessantes, nada além disso. O final é igualmente decepcionante. Sei que tem várias interpretações, mas pra mim, esse livro não funcionou..

    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  7. Oi Camila.

    Eu li poucos livros do King, mas confesso que sou suspeita porque adoro a forma que ele escreve. Estou com muita vontade de ler este, porém ainda não tenho ele e você mencionado que o enredo aborda o lado mais sombrio da natureza humana, aumentou minha curiosidade. Obrigada pela dica.

    Bjos
    https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/

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  8. Olá, Camila!

    A verdade é que nem necessito ler esse livro para ter medo dos celulares.rsrs E de toda essa evolução tecnológica. Justamente por sermos, como o trecho que você destacou, seres loucos, homicidas. O ser humano não presta e quanto mais evoluímos tecnologicamente mais sinto que regredimos como pessoas. Basta darmos uma olhada na internet e na quantidade de ódio gratuito que as pessoas estão espalhando, se sentindo seguras por estarem por trás de uma tela de celular/computador/tablet ou o que seja. O ser humano vê nesses objetos uma arma para espalhar a maldade. E isso me cansa. Só acesso a internet quando preciso para a faculdade/trabalho e para os meus livros, para o meu blog. Fora isso prefiro ficar no meu canto lendo meus amados livros e longe de tanta futilidade e vício.

    Creio que eu ficaria muito impressionada e aterrorizada com esse livro. Não duvido nada que teria pesadelos e ficaria mais ansiosa do que já sou.kkkkkkkk... Quero ler Stephen King de tanto ouvir falar nele, mas escolherei um livro mais leve.rsrs

    Bjs!

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  9. Olá, esse tipo de livro não me atrai pois não gosto de livros de terror e esse por mais que não se pareça com os de terror me deixa desconfortável para ler por isso vou passar a dica

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  10. Apesar de ainda não ter lido nada do Stephen King, já li tantas críticas excelentes sobre seus livros que me considero até mesmo uma fã!! Rs... Fiquei contente em saber mais sobre esse livro, porque ele parece trazer o tipo de piração que eu curto de vez em quando! Rs... Adoro livros com esses finais abertos, que deixam a gente matutando muito tempo... Rs!
    Beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  11. Oi Camila!
    Ainda não tive contato com nenhum livro do autor, apenas adaptações cinematograficas e admito que gostei muito!
    Esse pique de "zumbis" me agradou bastante. Uma pena não ser um dos melhores livros do autor e o final ser ruim.
    Gostaria de mais recomendações de livros desse autor. Quero achar um bom e que me agrade para começar.

    Beijos
    FLeituras

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  12. Eu não li muitos livros do King, mas todos que li, amei demais. Esse aqui está na minha lista e estou pensando neste universo perturbador que você descreveu e acho que terei as mesmas sensações que você teve com a leitura.
    beijos

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  13. Eita!
    Que resenha hein mana. Eu iniciei a leitura desse livro um tempo atrás e estava achando okay, mas nada que me fizesse querer devorá-lo e como estava com algumas pendências aqui, resolvi priorizá-las. Porém já decidi que lerei até o final do mês, não apenas este como os outros dois livros do King que tenho aqui e espero ser fisgada por essa história, torço para que ela mexa comigo pelo menos um terço do que mexeu com você, mas dispenso a ressaca rs.

    Abraços!

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  14. Olá, tudo bom?
    Eu só li dois livros do King até hoje e gostei muito do que encontrei, apesar de um deles ter sido um pouco arrastado em determinado momento. Estava com medo de ler este livro justamente por isso, por estar prevendo que em alguns pontos ele se tornaria cansativo e confuso. No entanto, mesmo sabendo que não é o melhor livro do autor, fiquei super curiosa pela leitura, principalmente por você ter falado sobre esse final que mexe com a nossa cabeça e compensa todo o resto. Já anotei a dica e espero poder ler em breve. ♥
    Beijos!

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  15. Amei sua resenha e sua forma de apresentar a obra, esse final já me deixou curiosa e ao mesmo tempo com receio de não curtir. Achei a premissa bem interessante, afinal, nos dias de hoje as pessoas estão tão ligadas aos celulares que já são quase zumbis em certas horas.

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  16. Olá!
    Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas confesso que de todas as obras de King, esse é o que. Menos me chama a atenção. Apesar de ter ficado curiosa com o final, acabaria deixando a leitura para um outro momento.
    Bjim!

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  17. Estou doida doida doida pro esse livro, a capa é lindíssima e os livros do Stephen King são incríveis.
    Espero ter essas mesmas sensações, menos a parte da ressaca rsrs.

    Aceita Café?

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  18. Esse pano de fundo sangrento que chega a horrorizar o leitor com certeza vai me fazer passar longe do livro. De qualquer maneira, imagino que ele fosse me fazer ficar completamente neurótica por causa de celulares e isso não seria bom... Rs... Não vai ser dessa vez que lerei algo do Stephen King, me faltam estômago e coragem.

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  19. Oi Camis,
    Eu preciso dar minha segunda chance ao Tio King, minha primeira experiência com ele foi Cujo e foi bem cansativo, muita descrição pra pouco susto, mas sempre dou duas chances antes de abolir um autor da minha lista kkkkkk. Sua resenha está bem bacana, e a sinceridade me atrai, mas não sei se o fim justifica os meios comigo, mas quem sabe.

    Beijokas

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