O Colecionador - John Fowles



O Colecionador é a história de Frederick Clegg, um homem solitário, de origem humilde, menosprezado por uma sociedade esnobe, que encontra o grande amor de sua vida. Tudo o que ele deseja é passar um tempo a sós com ela, demonstrar seus nobres sentimentos e deixar claro que eles nasceram um para o outro. O Colecionador também é a história de Miranda Gray, uma jovem estudante de artes sequestrada por um maníaco que acha que pode obrigá-la a se apaixonar por ele. Tudo o que ela deseja é escapar do cativeiro, e vai usar de toda sua inteligência para sobreviver ao inferno em que sua vida se transformou. O Colecionador é um livro narrado por dois personagens antagônicos: o sequestrador e sua vítima. Ferdinand e Miranda. Todos temos um pouco dos dois dentro de nós, concluímos ao final de suas páginas — quem consegue se desgrudar delas? Essa obra-prima lançada em 1963 continua perigosamente atual. Best-seller internacional, e ainda um sucesso de venda nos sebos após décadas fora de catálogo no Brasil, o grande romance de estreia de John Fowles está de volta com uma edição digna de colecionador, e aquele padrão de qualidade psicopata que só a DarkSide Books tem. Com direito a capa dura, prefácio do mestre Stephen King e outros conteúdos inéditos. O feminismo, a solidão, a luta de classes, a liberdade, o que pode ou não ser considerado arte e o que pode ou não ser considerado amor... estes são apenas alguns dos temas que o autor traz à tona. Numa época sem textão de redes sociais, era com literatura de qualidade que pensadores dissecavam o mundo à sua volta. Com O Colecionador, a DarkSide abre a janela para que Miranda consiga sair do cativeiro e que sua história volte a encantar novas gerações de leitores.


Escrito na década de 60, O Colecionador ganhou essa edição luxuosa  da DarkSide Books , que nos relembrou o que é um bom romance psicológico, daqueles que ficam em nossas mentes por muito tempo após o termino.


Todos nós queremos coisas que não podemos ter.

Como vemos na sinopse temos um um homem apaixonado por uma mulher, que mal sabe de sua existência, mas que segundo ele irá corresponder esse amor se conhece-lo pessoalmente, mesmo que para isso tenha que obriga-la.

Frederick é um homem despretensioso, que passa despercebido, mantém um emprego que em sua percepção é "medíocre", nas horas vagas captura borboletas para sua coleção, tem uma certa devoção a sua tia e um amor platônico por uma estudante, Miranda Gray.

É Frederick quem narra toda a primeira parte do livro, que descreve como a sorte o impulsionou a colocar em ação o plano de fazer Miranda o conhecer e ter a oportunidade de retribuir os seus sentimentos e isso significa sequestrar e mante-la em cativeiro. E  é esse sequestro a base de toda a trama. 

Não sei por que, mas da primeira vez que a vi, fiquei logo sabendo que ela era única. Não estou louco, claro, visto que sabia ser apenas um sonho, que o teria sido para sempre, se não fosse o dinheiro.

Este homem solitário encontra no seu amor o perdão para todos os seus erros. Nos fazendo ter um vislumbre da linha tênue que separa o amor da psicopatia, tornando a leitura eletrizante ao mesmo tempo em que se torna angustiante. 

Miranda Gray narra a segunda parte do livro e vai nos mostrar que as aparências podem enganar. Ao logo de sua narrativa vamos conhecendo como a veneração por um artista a tornou quem ela é. Confesso que foi meio massante esta parte do livro e pouco acrescentou a história, mas pelo lado psicológico dos personagens ela é muito esclarecedora. Sem contar que dá uma nova percepção ao sequestro e revela o conflito de sentimentos em relação ao sequestrador que a mantém em carcere.

(...) todos os loucos devem ser assim. Não são loucos na maior parte do tempo; com certeza que de certo modo. ficam tão surpreendidos como as outras pessoas, quando, finalmente, fazem algo de terrível. (...) Sou eu. Eu sou a sua loucura. Há muitos anos que ele procurava algo para libertar a sua loucura. E encontrou-me. 

A atmosfera do livro é uma constante batalha claustrofóbica, onde as posições se alternam. Hora temos Miranda no comando, hora temos Frederick e a pressão psicológica atormenta ambos os personagens. 

As duas ultimas partes do livro vem para colocar um pedra em cima de todas as dúvidas que eu tinha em relação a mente do sequestrador e é ela quem deixou uma sensação perturbadora em meu coração, que só lendo para vocês saber do que estou falando. 

No geral o enredo nos traz alguns questionamentos sobre nossas relações sociais e sentimentais. Nos mostrando que não precisamos estar em um cativeiro para vivermos um relacionamento abusivo, que muita das vezes nem percebemos e no fundo ambos são prisioneiros.

Com todo esse jogo psicológico, esse ritmo eletrizante e um desfecho ainda mais perturbador que toda a trama em si eu super recomendo essa leitura, com a garantia de que vai te dar o que pensar, de colocar suas próprias ideias em conflito e deixar uma sensaçãozinha de desconforto no ar.



Vale lembrar que o livro tem uma adaptação lá de 65, que recebeu três indicações ao Oscar e foi vencedor do Golden Globe e dois Palmas de Ouro. Esses prêmios ficaram por conta de melhor ator, melhor atriz. Sem dizer que teve como referência Misery do nosso excelentíssimo Stephen King. 
Um filme que se limita basicamente a dois personagens e uma casa com porão para ambientação e que consegue transmitir todas as sensações do livro com maestria. Vale a pena!



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